terça-feira, 15 de maio de 2007

Maria Antonieta, de Sofia Coppola


-A beleza da futilidade-

Vez ou outra no cinema aparecem filmes que não se contentam só em contar uma história, mas aplicar o ponto de vista do autor sobre ele, contando algo já conhecido ou não. Cria-se então algo híbrido, algo que normalmente rompe de certa forma com o esperado e se une a recursos antes não aceitáveis para que aquela estrutura viessa a ser mostrada. Junto a isso vem o risco de se afundar sobre sua própria ambição. Considero que recentes filmes como Cruzadas, Coracão de Cavaleiro e Moulin Rouge se encaixem nesse perfil, sendo que apenas o último corresponda e supera as expectativas. A meu ver, Maria Antonieta entra para esse grupo e, como Moulin Rouge, atinge sua proposta.

Diretora de grande apuro visual e de sensibilidade musical, Sofia Coppola faz um filme considerando que Maria Antonieta seria uma mercadoria liberada da Áustria diretamente para a corte francesa. Encapsulada pela distância da família, frieza do marido e repulsa pelo "estilo-de-vida-da-corte", Maria Antonieta cria para si um universo próprio. A maneira de Sofia mostrar esse universo se transmite em : música cotemporânea (principalmente a dos anos 80), figurinos que de tão trabalhados que nos dão a impressão de um conto de fadas, montagem acompanhado a cadência da trilha, com certos momentos mais parecendo um imenso videoclipe. Aqui vale ressaltar seu acerto na escolha das músicas, que não só se resolvem como se tornam algo único, não dando para pensar em dissociá-las das cenas. Nos aspéctos técnicos o comparo a Barry Lindon, com visual exuberante das roupas, cenários riquíssimos, diferenciando na fotografia, que em Barry Lindon é amplamente baseada na iluminação natural e em Maria Antonieta é criado um aspecto "plástico", um excesso, quase que como que se as pinturas que retratam a corte ganhassem vida.


A diretora retoma aqui muitas aspectos de seu filme anterior Encontros e Desencontros, onde Charlotte, longe da família e num casamento problemático se perde nas ruas de Tóquio procurando sentido a sua vida. De certa forma Sofia faz de Charlotte e Maria Antonieta uma só. Ambas perdem seu olhar no horizonte, uma na Tóquio cosmopolita, outra nos imensos jardins franceses. As festas se repetem, incluindo ai as músicas. Ela basicamente "conta a mesma história" seja no Japão atual ou na corte francesa do século XVIII.


O filme é acusado de ser superficial. E é extremamente superficial, diferenciando bastante de filmes passados em época semelhante, onde o fardo de se mostrar um grande fato ou passagem é mostrado por vezes de forma acadêmica e engessada. Em Maria Antonieta não, não há essa proposta em nenhum momento, o fio narrador reside em Maria do início ao fim, inocentando-a de tudo qua acontecia ao seu redor por pura ignorância do que acontecia a sua volta pelo isolamento da corte com a população. Enfim, Sofia nos deu nova visão de uma das personagens mais marcantes da história recente. Se não foi bem assim, isso é cabe aos historiadores discutir, não a arte. *****


terça-feira, 1 de maio de 2007

Os Filme se Abril

300, de Zack Snyder - 3
Amadeus, de Milos Forman - 5*
Amantes Constantes, de Philippe Garrel -3
Cartas de Ivo Jima, de Clint Eastwood - 2
Evil Dead, A Morte do Demônio, de Sam Raimi -1
Happy Feat - de George Miller - 3
Ladrões de Bicicleta, de Vittorio de Sica - 4
O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia - 4
O Encouraçado Potemkin, de Sergei Eisenstein -4*
Maria Antonieta , de Sofia Coppola - 5
Viagem à Itália, de Roberto Rossellini - 3
*Revistos