
Digamos que Michael Mann procura não só fazer um filme de ação nos moldes habituas que Hollywood costumeiramente cobra desse tipo de filme como consegue como poucos se manter no esquema do cinemão americano (seu último filme, Miami Vice, é orçado em torno de U$140 milhões) e estruturar seus filmes com uma visão autoral que permite não só dialogar entre seus filmes como estimular o gênero como um todo.
O que mais me chama a atenção nesse filme e o que normalmente me identifico em seus filmes se resume ao papel estético que a cidade tem para Mann. Nesse filme Los Angeles aparece em longas tomadas noturnas de imenso impacto, junto as grandes avenidas e auto-estradas, grande parte das vezes mostradas de forma gráfica e conciza.frequentemente a cidade aparece como pano de fundo de várias casas e cenários. Num determinado momento do filme, o personagem de Robert De Niro e futura namorada conversam numa varanda de frente para a cidade, que acaba por ocupar toda a volta do plano, transbordando luz e quase que pedindo para ser notada. É interessante notar que de um certo modo essa sua preocupação se aprofunda se compararmos esse filme a Colateral, filme em que Los Angeles realmente é mostrada de forma completamente estilizada com a ajuda da imagem digital e participa intensamente de todo conceito que o filme, sendo de certa forma esmiuçada pela frenética correria dos personagens. ****